quarta-feira, 21 de março de 2007

Saúde da mulher - Procura por cirurgia de reversão de laqueadura aumenta mais a cada dia

Mulheres fazem cirurgia de ligadura muito jovens e se arrependem. Em alguns casos existe reversão, outras vezes não. É preciso ter responsabilidade e consciência na hora de tomar essa decisão

Cristiane Lima

O Hospital Materno Infantil de Goiânia tem hoje 700 mulheres na fila à espera de uma cirurgia de reversão de laqueadura tubária. O ginecologista Weuler Alves Ferreira responsável pelo ambulatório de infertilidade do HMI diz que esse número cresce a cada dia. Segundo ele, isso acontece pela quantidade de cirurgias de ligadura que são feitas sem nenhum critério e avaliação – das mulheres e dos próprios médicos – e que depois de algum tempo, o arrependimento, leva essas mulheres a querer desfazer o "erro".
Apesar da lei permitir cirurgias de laqueadura apenas em mulheres com mais de 25 anos e dois filhos, muitas jovens também se submetem à cirurgia precocemente. Elas encontram uma brecha nessa mesma lei que diz que, se a mulher já tiver três filhos ou mais, independente da idade, também pode fazer a operação.
O maior problema, segundo o ginecologista, é saber se a mulher está ou não apta para fazer a reversão. Ainda não existe nenhum tipo de exame que mostre qual técnica adotada na hora da laqueadura. Quando se retira apenas uma parte da trompa, ou seja, quando a laqueadura é segmentada, existe a possibilidade de reversão. Para isso, é feita a cirurgia de reanastomose tubária ou reversão de laqueadura. Se retira a parte danificada da trompa e une as partes sadias, permitindo assim, novamente a passagem do óvulo até o útero. No caso de cirurgias de frimbriectomia – onde as fimbrias (extremidade da trompa) são retiradas –, a possibilidade desaparece.
O ginecologista Weuler ressalta que a decisão de se tornar estéril para o resto da vida é muito séria e deve ser tomada com responsabilidade. A mulher tem a idade fértil dos 14 anos 42 anos. Se ela decide interromper sua fertilidade muito cedo pode se arrepender. "Se ela opera com 23 anos, terá quase 20 anos para se acostumar com a idéia de que não pode ser mais mãe. E se perder um filho, ficar rica ou se casar de novo e o marido quiser ter um filho." É preciso consciência de todos os lados.

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