quarta-feira, 14 de março de 2007

ECONOMIA - Os “flanelinhas” estão no orçamento?

Os vigiadores de rua invadem a cidade e ganham cada vez mais espaço. Muitos incentivam, outros se incomodam. Mas como fica o bolso?

Mônica Pires

Estacionar sem gastar está cada vez mais difícil. Como se não bastasse o estacionamento particular, é só encostar o veículo por um instante nas ruas que logo aparece algum “flanelinha” para cobrar a vaga ocupada. Isso é cada vez mais freqüente nas cidades. De nota em nota o bolso sente as despesas. Muitos reclamam, outros incentivam. Será que a despesa pesa no fim do mês?

O economista Rubens Rafael calcula que os trocados dados aos vigiadores ao longo do dia ajudariam nas despesas como combustível, compras de casa, vestuário e manutenção do veículo. Ou seja: a moedinha desestabiliza o orçamento sem se notar.

Mas muitas pessoas garantem que não se incomodam com isso. Prevenir nem sempre é demais. Millena Nunes, 26 anos, comerciante, confessa que sempre permite os flanelinnhas vigiem seu carro. “Não é que o garoto pode salvar meu carro de algum fato, mas pelo menos é uma possibilidade de ser uma testemunha do que aconteceu”, diz.

Já Wander de Oliveira, 34 anos, eletricista, admite sentir desnecessário incentivar o trabalho dos flanelinhas, pois não é garantia de segurança ao carro, mas sim mais uma despesa que pesa no bolso. “Quando ele perceber que estudar é o que pode garantir seu futuro, vai se arrepender de desperdiçar seu tempo”, afirma.

Lucas de Araújo, 17 anos, faz o seu ponto em Campinas. Ele garante já ter faturado 40 reais em um só dia. Por opção, dedica ao serviço só para ter uns trocadinhos no bolso. Com a renda comprou o tênis dos seus sonhos. Lucas diz que já escutou muitas ofensas. “Me mandam ir trabalhar, mas o que será que eu estou fazendo?”, indaga. Ele revela que a maioria das pessoas dão um jeitinho da dar uns trocados. Isso garante que ele não desista.

Esse trabalho já tem até licitação. Mediante uma taxa única de 50 Reais, os “flanelinhas“ podem fazer o cadastro em um órgão da prefeitura, e ganham colete e crachá de identificação como o responsável pela vigilância de determinada área.

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