sexta-feira, 15 de junho de 2007

Por um futuro melhor

Instituição filantrópica busca garantir um envelhecimento saudável
Ágda Silva, 71 anos, é uma dos milhares de idosos que puderam acreditar na vida. Desde o ano passado participa da Associação dos Idosos do Brasil (AIB). Com seu jeito pacato e a face tímida, ela exprime no rosto uma alegria que há muito tempo não sentia. “A associação é como se fosse a continuação do meu lar. A associação trouxe à minha vida mudanças tanto física como também social. Aqui eu faço yoga, bordados, aulas de crochê, coral e quando tem outras atividades eu também pratico”.

Um estudo realizado pelo SESC Nacional, SESC São Paulo e a Fundação Perseu Abramo revela que 22% dos idosos não se sentem totalmente à vontade com suas famílias. O principal motivo: a desarmonia do lar. A busca por um ambiente que lhe traga paz e tranqüilidade é o primordial à vida dos idosos. Abrigo, proteção, amigos, carinho e, sobretudo atenção, passam a ser necessidades básicas do idoso.

Delarmina Pacífica de Souza, 88 anos, participa de grupos de idosos desde 1976. Sua face revela a gratidão e a felicidade de ser útil às pessoas. ”Eu venho fazer o crochê e a ginástica. Mas quando não faço ginástica, eu fico trabalhando. Eu participo do forró também, mas gosto mais é da ginástica.”

Segundo Marly Fernandes de Davi, assessora técnica da AIB, especializada em Gerontologia na Itália, muita conquista foi feita. (ouça mais ) “Conseguimos incluir um artigo na Constituição sobre a pessoa idosa e elaboramos políticas para a década de 90. Aprovamos a Política Nacional do Idoso e também, o Estatuto do Idoso, além das normas de longa permanência – os abrigos.”
Apesar de tantas vitórias, é responsabilidade de todos conhecerem as leis para que essas sejam cumpridas. Muitas das conquistas que serão feitas, não vão servir para os idosos de hoje, mas para todos aqueles que futuramente esperam encontrar um mundo bem melhor para a velhice.
Associação de idosos promove Encontro Nacional
A Associação dos Idosos do Brasil conta com mais de dois mil associados e os que freqüentam são aproximadamente 1.300. A AIB realiza viagens e Encontros Nacionais de Associações de Idosos (ENAI). “Cada encontro é numa sede. No ano passado fomos nós que sediamos o encontro, então foi em Caldas Novas. Este ano vai ser na Bahia”, afirma Stella.
Segundo Mateucci, a Associação recebe do Governo Federal uma quantia de cerca de R$ 4 mil por mês. Um valor pequeno se comparado aos gastos. Para a realização de viagens, a presidência e a assessoria técnica fazem um levantamento de preços acessíveis. Os idosos que participam da AIB são responsáveis pelo custo da viagem. “Cada idoso faz uma poupança. No fim do ano têm o dinheiro para realização do evento.”
Já a compra de material de consumo e receita, esses gastos são sustentados pelo trabalho desenvolvido dentro da AIB. “Nós vivemos de trabalho. De cada duas peças produzidas, uma é para venda. Quando temos espaço para vender nosso trabalho, arrecadamos dinheiro para os gastos que temos”, afirma Stella.
Redesenhando a vida
Ter uma vida saudável e longa não é mistério, mas ter respeito e dignidade é uma batalha incansável que a geração da terceira idade trava diariamente
“O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção um direito social”. É o que assegura o Estatuto do Idoso às pessoas com mais de 60 anos. Atualmente o Brasil tem 16 milhões de idosos. A previsão é que em 2025 este número dobre, e com isso ocuparemos o 6º lugar em população idosa. Mesmo assim, a luta pelo o direito de envelhecer com dignidade no Brasil, ainda é uma luta árdua. Nem tudo que é lei, se cumpre.

Melhorar a qualidade de vida não é preocupação apenas dos jovens. Após criar os filhos e trabalhar a vida inteira, as pessoas que atingem a terceira idade querem mais é cuidar da saúde, aprender outras coisas e se divertir. Mas chegar saudável e com disposição nesta fase é necessário cultivar bons hábitos. A melhoria de vida e longevidade dos idosos depende de exercitar o físico e o intelecto, ter boa alimentação, apoio familiar e lazer.

“Quando os idosos percebem que é possível envelhecer com saúde, eles aceitam com mais alegria este processo”, diz Marta Carvalho, professora da Universidade Aberta à Terceira Idade (Unati) e doutoranda em ciências da saúde. A Unati é um programa oferecido à comunidade idosa pela Universidade Católica de Goiás há 14 anos. O objetivo principal é resgatar à autonomia e auto-estima destas pessoas e, conseqüentemente, contribuir para que elas possam envelhecer com prazer e desfrutando ativamente da vida.

Maria Severino tem 73 anos, a cabeça brilhante e o coração revolucionário. Aos 71 anos voltou para escola. Hoje está na oitava série e, paralelamente, freqüenta o segundo período da Universidade Aberta. A história de vida de dona Maria traduz fielmente as palavras de Cora Coralina - “Feliz é aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Viúva há 34 anos, viveu todo esse tempo para os 4 filhos. Mas nem por isso deixou de sonhar em novamente sentar num banco de escola.

“Quando meu marido morreu, minha filha mais nova tinha 9 dias. Nunca tive emprego e nem estudo. Dependia da pensão de um salário mínimo para cuidar dos meus filhos”, lembra dona Maria. Com os planos adiados por 35 anos, em 2004 ela sentou-se na tão sonhada carteira. A volta para a escola despertou outros desejos em dona Maria. Queria ir mais longe. Soube do programa da UCG e se matriculou imediatamente na Unati.

“Foi a melhor coisa que eu fiz. Hoje eu tenho minha independência e não preciso de ninguém para conduzir a minha vida. E pretendo continuar assim até quando Deus me der saúde”, diz a estudante. A família da guerreira Maria se surpreendeu quando soube que a mãe ia para a Universidade. Acostumados a vê-la em casa fazendo algum bordado, cozinhando e vendo novelas, os filhos aceitaram a boa nova muito orgulhosos.
Alunos: Eduardo Alves, Flávia Avelar, Juliana Barros e Kelisangela


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