quarta-feira, 6 de junho de 2007

Ameaça à Saúde e ao Meio Ambiente

Poluição do ar em Goiânia chega a ser alarmante, mas a prevenção através de combustíveis menos poluentes chega à capital

Gustavo Rezende de Souza

No começo, irritação dos olhos, dores de cabeça e náuseas. Com o passar dos anos, efeitos crônicos como a diminuição da capacidade respiratória e até mesmo câncer. Esses são os males comuns que podem afetar a saúde dos estimados cem milhões de latino americanos expostos a altos níveis de poluição do ar.

Segundo a bióloga Luciana Peixoto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem alertado sobre os efeitos da poluição sobre a saúde desde a conferência de Milão, em 1957. No Brasil, a qualidade do nosso ar virou assunto só na década de 70, período de crescimento econômico e industrial do país.

Em 1976, o Governo Federal estabeleceu padrões nacionais de qualidade do ar. Mas foram só quatro anos depois que surgiram os primeiros programas de controle ambiental no país.

"A conscientização ambiental chegou tarde no Brasil. Por mais que as pesquisas preventivas estejam bem desenvolvidas, como a de combustíveis menos poluentes, sua aplicação ainda é limitada", Luciana comenta.

Qualidade do ar em Goiânia é ruim

A poluição do ar é observada de acordo com os parâmetros definidos pela resolução 30/90 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). São calculadas, em microgramas, a quantidade de poluentes suspensos por metro cúbico de ar, como partículas de poeira e fungos.

Segundo o CONAMA, entre 101 e 199 microgramas, a qualidade do ar está inadequada, e entre 200 e 299 microgramas é considerada ruim. Análises realizadas pelo laboratório da Agência Ambiental de Goiás indicam uma concentração de poluentes em Goiânia de até 211 microgramas, por volta dos meses de Setembro e Outubro.

De acordo com o clínico geral Samuel Oliveira, o tempo seco favorece a concentração de poeira no ar. A situação é pior nas maiores cidades, como Goiânia, devido à emissão dos poluentes vindos da queima do combustível dos automóveis e das indústrias.

A Agência Ambiental permanece avaliando a qualidade do ar nesses meses de risco. Se os níveis de poluentes se tornam altos, ela pode propor um rodízio de veículos para diminuir a circulação de carros e emissão de gases.
"Isso ainda não chegou a ser necessário", comenta Samuel, "mas a quantidade de pacientes com problemas respiratórios e inflamações de garganta aumentam consideravelmente nessa época".

Prevenção através de combustíveis alternativos

Na década de 70, o governo brasileiro tentou reduzir sua dependência do petróleo importado do Oriente Médio. Recentemente, o Gás Natural Canalizado (GNC) tornou-se uma das principais alternativas.

O GNC também é um combustível fóssil, ou seja, derivado do petróleo, como a gasolina e o diesel. Sua composição é variável, predominando hidrocarbonetos leves como o metano, etano, butano e propano. Em sua combustão, ele libera dióxido de carbono e vapor de água, dois componentes não tóxicos, fazendo do GNC uma energia não poluente.

Segundo o pesquisador Dmitri Lobkov, da Universidade de Campinas (Unicamp), a melhor alternativa ecológica e econômica para o uso do GNC em automotivos é a conversão imediata dos veículos para um sistema bicombustível.

Esse sistema funciona através da queima simultânea de GNC e Diesel, na proporção de 85 e 15 %. A conversão custa aproximadamente R$10 mil, e ainda permite a queima apenas do Diesel, em casos de emergência.

"O Gás Natural é mais barato e mais econômico, além de ser mais versátil", aponta Anézio José de Souza, gerenciador e consultor de empresas distribuidoras de combustíveis no interior do estado de São Paulo. "Ele pode ser usado nas indústrias para gerar eletricidade e calor, além de servir como matéria prima nos setores siderúrgicos, petroquímicos e de fertilizantes. "

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