sexta-feira, 15 de junho de 2007

Brincadeira levada a sério




Josiane Peres e Thais Beki




Já se passaram mais de 50 anos que um norte americano resolveu colocar um motor de motoserra numa plataforma com quatro rodas, um assento e uma direção para brincar. Essa brincadeira virou moda e o pequeno veículo passou a ser aprimorado e ganhou fama na Europa e no resto do mundo. Da diversão para a competição foi um breve tempo.




Com as competições vieram melhorias e o kartismo tomou um vulto tão grande que as fábricas foram criadas para a sua produção em larga escala. Seus motores deixaram de ser os de motoserra e passaram a ser motores especiais para kart. Seus chassis se tornaram mais e mais sofisticados, seus pneus passaram a ser de importância fundamental para o desempenho durante a competição, a ponto de obrigar a criação de fábricas dedicadas unicamente à sua fabricação.



O kart nasceu em Los Angeles, nos Estados Unidos, em 1956. Para muita gente deve ter sido motivo de piada na época, já que seu primeiro motor era um aparador de grama. Para outros, no entanto este carrinho virou uma paixão logo de cara e, no ano seguinte, em 1957, aconteceu à primeira corrida de kart, em Pasadena, também nos Estados Unidos.




No Brasil o kart chegou mais tarde trazido por um homem chamado Cláudio Daniel Rodrigues. Por aqui, o carrinho era ainda mais esquisito. Imaginem só: Ele tinha pneus de carrinho de mão e motor d'água. As disputas eram feitas na rua, mesmo. Inspirados no modelo americano, o carro era construído para que os pilotos dirigissem quase deitados. Devia ser bem engraçado. Os pilotos só puderam correr sentados depois que os modelos passaram a seguir o padrão Europeu.



Voltando ao kartismo de competição, o que era uma mais simples diversão tornou-se uma escola obrigatória para todo jovem que pretende seguir a carreira de piloto profissional. Só no kartismo o jovem pretendente a piloto vai aprimorar seus reflexos, aprender a dirigir no meio do "bolo" e aprender a tirar o máximo de seu equipamento. Não é à toa que todos os pilotos "tops" da Fórmula 1 atual tiveram sua origem no kartismo. Muitos foram os heróis do automobilismo que começaram sua carreira correndo de Kart. Entre eles, destacamos: Ayrton Senna, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Rubens Barrichelo.





Adrenalina na veia



Conhecendo um pouco mais do piloto Kléber Justino, percebe-se que ser piloto é mais que um esporte, mais que uma profissão: É um estilo de vida. Influenciado pelos tios Laércio e Ananias Justino, e pelo pai Alan, Kléber nem se recorda de quando pisou pela primeira vez em um autódromo.



O kart é a categoria de base do automobilismo. E a maioria dos pilotos jamais a abandona, pois é a categoria que mais se assemelha a um Fórmula 1 . Analisando um carro de F-1 só com chassis, ele é praticamente igual ao kart, o que os diferencia é a carenagem. É necessário conhecimento sobre a mecânica do carro e um ótimo preparo físico. Afinal, ambos são muito próximos do chão, e o atrito com a pista é muito impactante. O que, por outro lado é o que torna os pilotos tão apaixonados por alta velocidade e o prazer de sentir tanta adrenalina.



Aos 13 anos conseguiu em fim ganhar seu kart, e com bom humor, conta como foi essa história de "pai-trocínio". Desde os nove anos eu tentava correr de kart. Eu estava andando de bicicleta uma vez, e passei na porta de uma oficina e vi um kart. Fui conversar com o cara da loja e perguntei quanto era o kart. Na época era 1.850 nem me lembro o que! Eu falei: Espera aí que eu vou lá buscar o meu pai. O cara ficou me olhando e não acreditou (risos). Passou uns 10, 20 minutos e eu cheguei lá com o meu pai e o cara ficou assustado. Aí eu comprei o kart e comecei a correr, conta ele sempre com um sorriso maroto no rosto.



Infelizmente, esse esporte não é para qualquer um. O custo é relativamente alto.Cerca de R$3.000 Reais por corrida, isso sem contar com o preço do Kart, que não fica por menos de R$12.000 Reais. A evolução para um piloto sair do kart e chegar a outras categorias, necessita de um alto investimento financeiro. E para piorar um pouco, não existe uma escolinha para ensinar a pilotar. De acordo com Kléber, quem se interessa vai para o autódromo e pega um preparador ou um mecânico que tenha conhecimento.



O único momento em que o piloto deixa de sorrir é quando se refere ao campeonato goiano. "Foram criadas tantas intrigas pelo presidente da confederação goiana de automobilismo, Ney Lins, que atualmente o campeonato não existe. Isso me deixa arrasado, porque encontro com o pessoal no kartódromo só para treinar. Fazemos um "peguinha", mas é só de brincadeira. E o que estou falando, qualquer piloto do estado de Goiás pode confirmar. Mas a máfia é tão grande, que as pessoas tem medo de falar".





Diferente de outros esportes, o automobilismo não conta com nenhum programa de incentivo do governo como a Bolsa Esporte. Depende basicamente de patrocínio de empresas privadas ou de "pai-trocínio". O que é lamentável. Principalmente quando lembramos de vários campeões brasileiros como Nelson Piquet, Christian Fittipaldi, Wilson Fittipaldi, Felipe Massa, Kaká Bueno, Rubens Barichello, Ingo Hofman, Hélio Castro Neves, Roberto Pupo Moreno, Tony Canaã... E o inesquecível Ayrton Senna.



Mesmo com a morte do seu tio Laércio Justino, Kleber não abandonou as pistas. E mesmo com o risco de morte eminente ele é categórico "Meu tio se foi fazendo uma coisa que ele amava. Eu também gosto de mais! É minha paixão... É a minha vida! Eu gosto e sempre gostei. É velocidade. Acho que qualquer piloto de certa forma, não que se espera isso, mas se você perde a vida fazendo o que você gosta, acho que é bom... E das conversas que nós tínhamos, eu penso assim: Se um dia eu perder minha vida mexendo com corrida, eu vou estar pelo menos assim morrendo feliz".


Crédito foto: Eleni Rodrigues





PERFIL


Nome: Kleber Justino
Apelido: Babinho
Data de Nascimento: 20/01/1976
Ídolo: Deus
Ídolo no Automobilismo: Ayrton Senna
Formação Profissional: Administração de Empresas-UCG
Profissão: Empresário
Altura: 1.73
Esporte: Automobilismo
Hobby: Cross Country (Moto Cross)
Mania: Perfeccionista
O que aprendeu no automobilismo: Concentração e organização
Pilotos na família: Alan (Pai); Ananias (Irmão); Ananias (Tio); Wellington (Primo); Alex Renato (Primo); Laércio Justino (Tio) In memorian.


Crédito foto: Eleni Rodrigues


SEIS ANOS SEM LAÉRCIO JUSTINO




O Piloto Laércio Justino morreu na tarde de sexta-feira, do dia 8 de junho de 2001, após um acidente durante a segunda sessão de treinos livres para a etapa da Stock Car, em Brasília.

O treino livre já havia terminado quando Justino bateu. Na curva da entrada da reta dos boxes, ele perdeu o controle do carro e marcas de pneus no asfalto sugerem que ele derrapou “de lado” ainda na zebra. O carro foi se arrastando por vários metros, atravessou a pista e bateu no guard rail, parando somente depois que se chocou com um guincho. O caminhão ainda bateu numa ambulância do Corpo de Bombeiros.
Rapidamente, médico, equipe de resgate e fiscais correram para o local e retiraram Justino dos destroços.



Depois dos procedimentos de reanimação, Laércio Justino foi levado de helicóptero para o Hospital de Base de Brasília, onde morreu. De acordo com o boletim médico, Justino sofreu traumatismo crânio-encefálico cervical, torácico e abdominal.

Laércio Justino, nasceu em Fortaleza(CE), nasceu em 26/02 /1963 , mas mudou-se para Goiânia com a família ainda criança.

Começou no automobilismo logo cedo, sagrando-se Campeão Goiano de Kart. Foi Campeão Goiano e do Centro-Oeste de Stock Car e Tri Campeão Goiano de Marcas e Pilotos. Também foi Campeão Brasileiro de Formula Corsa e Vice-Campeão da Copa Corsa e das Mil Milhas Brasileiras.

Aos 38 anos, Laércio deixou esposa e três filhas.

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