terça-feira, 5 de junho de 2007

Autódromo de Goiânia clama por reformas

Circuito está sem condições de sediar grandes eventos automobilísticos

Rodrigo PdGuerra

O Autódromo Internacional Ayrton Senna já foi bem mais que uma casa de shows. Em seus quase 33 anos de existência, a pista recebeu importantes competições de carros, motos e caminhões, como Fórmula-3 Sul-Americana, F-Chevrolet e F-Turismo. O apogeu foi na década de 1980, quando sediou três etapas do Mundial de Motovelocidade, categorias 250 e 500 cilindradas. Na época, a Federação Internacional de Motociclismo considerava o circuito uma das três mais seguras do mundo.

Antes designado simplesmente como Autódromo Internacional de Goiânia, o complexo foi rebatizado em 1994, pouco depois da morte do piloto homenageado. Para muitos aficionados por velocidade, a escolha por Ayrton Senna foi uma ingratidão com Emerson Fittipaldi, que ajudou na criação do traçado e promoveu internacionalmente a novidade no período em que era celebridade mundial – foi bi-campeão de Fórmula-1 em 1972 e 1974. Injustiças à parte, o nome não impediu a perda de potência da pista.

A decadência vem de longe, mas o estopim aconteceu com problemas de asfalto no início da década atual. O piso havia sido reformado para receber uma prova da Stock Car em 2001. Durante os treinos de classificação, porém, pedaços da pista se soltaram, dando vexame em rede nacional. No ano seguinte, muitas das categorias que tinham provas programadas para Goiânia cancelaram suas vindas. A única remanescente de grande porte foi a Fórmula Truck, que trouxe seus caminhões até 2004.

De lá para cá, o pavimento só piorou, deixando a administração sem alternativas. "O asfalto não condiz com a evolução dos carros, bem mais potentes que antes. Hoje, a única solução é arrancar tudo e substituir por um asfalto do tipo CBOQ [Concreto Usinado Quente]", define o gerente executivo da praça esportiva, Sérgio Câmara.

A reestruturação da pista demanda cerca de R$ 5 milhões, sem mencionar os gastos com reformas em boxes, grades, arquibancadas e banheiros. De acordo com Câmara, a Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) já tem todo o planejamento pronto e aguarda algumas licitações. "Só falta o governador meter a caneta", revela.

Num artigo que circulou por competições automotivas pelo Brasil em 2004, o jornalista e narrador esportivo Téo José esbravejava contra a situação do complexo na época, dizendo-se envergonhado por não poder receber seus "amigos da velocidade" em Goiânia, onde nasceu e reside. "Hoje [o autódromo] não tem acomodações com mínimo de conforto para pilotos, equipes e torcedores", denunciava.

Apesar de depositar esperanças na nova administração, Téo José ressaltava que a ação teria de vir de cima, dos governantes, mesmo que por meios indiretos. "No Brasil, a maioria das praças esportivas estão com o Estado. Que tal seguir o modelo dos Estados Unidos, Europa e Japão? Deixar na mão de quem é do meio, de quem tem interesse. A privatização seria uma excelente alternativa", sugeria.

Bem ou mal, o autódromo é querido por pilotos de todo o país pela receptividade do público. Após uma reunião com autoridades estaduais em 2006, Ruben Fontes, representante goiano na Stock Car, demonstrava entusiasmo numa entrevista ao site F-1 na Web: "Seria ótimo poder correr em casa novamente, depois de tanto tempo. A cidade de Goiânia faz falta ao automobilismo nacional". O lamentável é que tanto as esperanças de Téo José quanto as do piloto, já em meados de 2007, não passam de ilusão.

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